Reflexões sobre Arquitetura, Urbanismo e Sociedade

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São Paulo, Capital, Brazil
Arquiteto CREA5062025943 Docente do Curso Técnico de Design de Interiores do SENAC-São Paulo

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Alagamentos: Desrespeito às Diretrizes Urbanas.

São Paulo tem sido, cada vez mais, alvo de inúmeros casos de alagamentos, desabamentos e até mesmo mortes causadas pelas fortes chuvas de verão. As pessoas perdem diversas horas no trânsito, perdem suas moradias, e muitas vezes suas vidas devido toda a água que o asfalto e cimento não deixa fluir ou absorver. Nos noticiários as pessoas sempre culpam o governo, a prefeitura, ou qualquer outro elemento que remeta à ordem pública pelo descaso para com a situação, ou então se frustram em saber que não se pode controlar o clima e conseqüentemente não se pode impedir que chova. Mas podemos nos perguntar: Por quê em alguns pontos tais problemas de alagamento não existem? Por que nem todas as casas desabam ou são soterradas por barrancos? Será que o poder público é o único responsável por todo o caos encontrado nas cidades nessas épocas?

Questões como esta, fogem do âmbito político. Na verdade trata-se de um aglomerado de problemas de ordem financeira, cultural, política e por fim ambiental. Deixando de lado as minúcias da política e das finanças, o objetivo desse post é informar sobre as questões urbanas, arquitetônicas e culturais. Diante disso vamos à elas:

Em São Paulo, assim como em todas as cidades existe um Plano Diretor e Leis de Zoneamento, que coordenam o crescimento das cidades regulamentando os tipos e formas de construções e ocupações. Tais regimentos possuem fundamentos ambientais que estão de acordo estudos científicos , geológicos e ambientais e não são ditados a esmo. Quando existe um crescimento desordenado das ocupações humanas, falta de planejamento urbano e ocupação irregular do solo, ou seja, construções onde não sem podem construir, o impacto ambiental reflete em diversas situações como nos alagamentos que tanto nos preocupa.

Segundo essas normativas existem ares que podem ser ocupadas somente por casas( uso residencial), áreas que podem ser ocupadas por comércios ( uso comercial) , áreas que podem ter os dois tipos de construções ( uso misto) , áreas que devem ter sua vegetação preservada, (áreas de proteção ambiental) e áreas que não se pode construir absolutamente nada (áreas de proteção permanente) entre outras. O objetivo dessa distinção é organizar a região de tal forma que a ocupação humana não tenha um impacto ambiental extremamente negativo pois do contrário todo o conjunto pode ter sua salubridade comprometida.

Alguns exemplos de problemas urbanos causados por desrespeito a diretrizes urbanas:

• Segundo o plano diretor, de acordo como tipo de zona, exige-se uma porcentagem mínima de área permeável no lote, com o objetivo de ajudar na absorção das águas pluviais. Porém é muito comum encontrarmos casas com quintais extensos totalmente cobertos por revestimentos impermeáveis. Com isso, a água não drenada naturalmente escoa para os receptores de águas pluviais não projetados para essa vazão “irregular”.

• Margens de rios, córregos e cursos d´água são consideradas áreas de Proteção Permanente, não podendo ser ocupadas, com recuos mínimos definidos pelos planos diretores das cidades, justamente para respeitar as cheias desses locais. A partir do momento em que são construídas edificações nesses locais, as cheias não cessarão ou seja, invadirão qualquer coisa que estiver em sua área de alcance.

• Não se deve edificar em terrenos com inclinação superior a 30%. As habitações irregulares estão sujeiras a desmoronamentos causados por erosões, principalmente em épocas de chuvas que fazem uma verdadeira “lavagem” do solo, levando com elas a terra que sustenta as edificações.

Outro grande problema cultural que reflete diretamente na vazão de águas pluviais está relacionado ao lixo jogado nas ruas, entulhos espalhados e detritos deixados em córregos. Tais elementos são levados pelas enxurradas que entopem os encanamentos urbanos impossibilitado que a água escoe e causando alagamentos.

Em suma, o morador da cidade é mais ativo no problema do que ele pode (ou quer) perceber e uma mudança de postura é essencial para que possamos resolver ou minimizar muitos dos problemas de que somos vítimas.

A consciência é o primeiro passo, um planejamento urbano condizente com a realidade da cidade é o próximo. Mas se cada um não fizer a sua parte, de nada adiantará apenas cobrar.

Links:

Zoneamento de São Paulo:
• http://www.prodam.sp.gov.br/sempla/zone.htm

Plano diretor de São Paulo
• http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/planejamento/plano_diretor/0001

Áreas de proteção ambiental
•http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./snuc/index.html&conteudo=./snuc/snuc6.html

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